sábado, 15 de setembro de 2007

Jeito de Deserto I, II, III


Jeito de Deserto I

"Ondula o véu que oculta a face.
A sandália nos pés marcam a areia que se move ao sabor do vento!
O sol escaldante não deixa dúvida é hora de parar, tomar do cantil e descansar à sombra da tamareira...
Não ouve mais o vozerio do acampamento.
Outro povo é sua caravana.
Sente-se só... A tribo já não lhe pertence.
Maktub.
Estava escrito.
Seguiria, agora...
Além das dunas!!! "

*

Jeito de Deserto II

Pele escura
Ombros largos
Olhos escuros e aveludados tirados de algum conto mouro,
quem esqueceria!
Vestia camisa preta, mangas largas.
Estava sentado.
Quando falou, sua voz retumbou por todo o acampamento:
- quem o fará? perguntou.
Parecia estar a tribo inteira reunida ao seu redor.
Ninguém falou. Ninguém moveu-se.
Abri caminho.
Na tenda central, era onde o clã reunia seus iguais.
- eu! respondi.
Silêncio.
Lentamente o mundo parava
Enquanto ele girava o corpo e seus olhos fitavam os meus!
Tremor. Calafrio. Reconhecimento.
Momento eterno.
Infinitamente terno, gravado na retina.
Memória carregada de areia
levada pelo vento!"

*

Jeito de Deserto III

" Cumpri o aprendizado.
Percorri suas margens, de templos em templos.
Fiz-me Conhecedor e Sabedor.
Humildemente sigo, agora, o Caminho.
Devo percorrer aldeias.
Sanar as dores.
Ouvir os corações.
Minha pequena bagagem é repleta de ervas, unguentos e talismãs.
Às vezes, cavalgo.
Noutras, deixo os pés ao contato quente da areia.
Sinto o frio do deserto à noite.
E olho as estrelas num azul mais lázuli que já vi!
Descanso o corpo, perto de antigas colunas, ruínas que me espreitam!
E deixo o espírito vagar...
Olho o horizonte.. distante...
e vislumbro...para muito depois...
meu destino além do Nilo! "

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